quarta-feira, 10 de julho de 2013

A democracia do discurso pronto

A falta de tempo me impediu de manter uma "produção" constante nessa lousa de reclamações. Enquanto não termino algo mais elaborado reproduzo atualização do meu status no Facebook reforçando um  recado que é dos mais importantes:


E impera o discurso simplista na elite letrada. Agora, qualquer um que tenha um mínimo de personalidade para avaliar o que acha bom ou ruim na atual conjuntura é petista ou quadrilheiro. O discurso obrigatório é o de "está tudo uma merda", mas essas mesmas pessoas não têm estômago para uma revolução de verdade, com invasão, destruição, enforcamentos e prisão. Querem uma revolução moderada, sem vândalos, sem comunas, sem petralhas. Querem uma revolução democrática de um único discurso, mesmo que ninguém saiba exatamente qual  seja. Qualquer um que se sinta representado, por quem quer que seja, é petista ou quadrilheiro, mesmo que sempre tenha sido oposição ao Governo (o problema não é a oposição e sim as suas modalidades, pelo jeito). O egoísmo centrista impede até mesmo a mais breve percepção do que é representação política. Os mesmos que atacam os Petralhas votam em candidatos que são supostamente de oposição, mas que se aliam ao Governo sem titubear, quando lhes interessa. Alguém observou o painel de votação da tão propalada PEC da Impunidade? Alguém viu que congressistas, de que partidos, votaram a favor?

Lógico que não, pois a elite letrada só se submete a informações sectárias e seletivas. Os mesmos que votam nos candidatos à favor da PEC gritam pelo fim da corrupção petista, pelo fim da impunidade e pelo fim da ameaça vermelha no Brasil. O discurso me traz arrepios, um frio na espinha que sinto quando vejo manifestações que representam ideias mofadas, anacrônicas, camufladas por um discurso moderninho, globalizado. Enquanto isso a insatisfação popular também é globalizada. A penúria e a opressão também são globalizadas.

O individualismo exacerbado de uma nação consumista e despolitizada não permite o pensamento coletivo, que virou sinônimo de regimes arcaicos, instrumentalizados por comedores de criancinhas. Justiça social sim, mas não com o nosso rico dinheirinho.

Questionar os valores consumistas atuais virou coisa de radical, enquanto ostentar uma posição de neo-liberalismo extremo é coisa de moderado. Defender qualquer forma de estatização é coisa de radical, enquanto defender a privatização ampla, irrestrita e sem critérios é coisa de moderado. A aplicação de princípios do mercado de capitais diretamente, sem qualquer estudo de viabilidade, a realidades completamente distintas é coisa de moderado. O radicalismo virou sinônimo de pleitos esquerdistas, enquanto ser um capitalista extremado é coisa de moderado, afinal, os moderados não gostam de esquerda nem de direita, o neo-liberalismo plutocrático não é da direita, é da verdade inexpugnável de que o comunismo morreu e que devemos nos submeter a um sistema que não se autorregula, não se critica, não se moderniza e não se reforma. Não produz circulação de riqueza, apenas a sua concentração, em um discurso hipócrita que esconde suas próprias mazelas. Esconde sua própria ineficiência em fazer valer sua mensagem mais básica.

O individualismo sim, é um valor salutar. Coletivismo é coisa de "comuna". Essa gente ainda os procura embaixo de suas camas e dentro de seus armários. Promovem a caça aos vermelhos criminosos, facínoras que têm a audácia de questionar um sistema absoluto, dono da verdade. Os mesmos que clamam a morte do comunismo se apressam em denunciar seus espiões e exumar medos da guerra fria (e são os "comunistas" os retrógrados). Como sempre, o ataque, muitas vezes enaltecendo extremo preconceito, sem qualquer argumentação lógica ou política, se sobrepõe a qualquer avaliação útil. Temos todos que ser "contra tudo o que está ai", temos todos que nos sentir "não representados", sob a pena de sermos tratados como traidores do "movimento popular". Os que nunca dormiram, agora são um incômodo aos verdadeiros "reformadores". Precisamos de uma reforma sem que se revise a influência dos interesses privados em nossa política, afinal, os interesses privados são o pilar da nossa sociedade, justa e solidária.

Reforma? Faz-me rir...na falta de tempo para elaborar novas postagens no meu bloguinho, passo meu recado. Acordem, de verdade, aprofundar o debate de forma útil nunca foi tão necessário.

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