quarta-feira, 21 de agosto de 2013

As faces de Paes


Foto da ESPN: veja a entrevista

Conforme disse aqui anteriormente, poderíamos estar diante de mais uma atuação brilhante no grande show de trapalhadas que tem se tornado o Rio de Janeiro desde junho. Eduardo Paes, nosso prefeitinho vaselina está com tudo para levar o Óscar.

Isso vem de nascença, mas, confesso que nunca o vi ostentar essa "qualidade" de forma tão constante e habilidosa. 

Desde que deu sua entrevista para a Mídia Ninja (já comentei aqui no blog) que ele se desvia dos dardos, que caem sempre em seus aliados. A brutalidade policial, por exemplo, é evidentemente culpa do Governo Estadual, ele não deixou de alfinetar o Cabral, lembremos. O que ele obviamente não comenta é que a Guarda Municipal dele não é diferente. Tem o mesmo comportamento autoritário, ilegal. Qualquer um que já tenha frequentado o centro do Rio sabe disso. Não raro os Guardas quebram as barracas dos ambulantes, somem com as suas mercadorias, tratam com brutalidade não só os flagrados, mas qualquer um que fale alguma coisa. 

Na entrevista que deu para a ESPN, intitulada de "Olimpíada no Brasil é uma vergonha", mais uma vez, Paes mostra a sua face engajada. Finge se indignar. No entanto, esconde que apoiou a candidatura do Rio, foi um dos atores mais importantes dela. Mudou de opinião? Claro que não! Está é querendo mudar de barco.

Com medo de um possível desgaste do Governo Federal, já que boa parte da opinião pública, assim como ele, só agora é contra os eventos mundiais, ele finge não concordar, mas vejam que bela foto:

Foto da Wikipedia
Vejam que momento fraterno, todos pelas Olimpíadas. Não bastasse esta linda memória fotográfica, Eduardo Paes, em 02 de março de 2012, deu uma entrevista para a BBC Brasil defendendo com unhas e dentes o evento.

Comportamento camaleônico: quando defende a candidatura às Olimpíadas, esse mesmo evento que hoje diz ser uma vergonha, Paes menciona investimento e melhorias em transporte. Agora, pouco mais de uma ano depois, seu partido ajuda a enterrar a CPI do ônibus. Diz à Mídia Ninja que acredita em transparência, mas seus aliados blindaram de vez as investigações e provavelmente teremos uma amarga pizza para o povo carioca. No fim, pode ficar o mesmo oligopólio ganhando milhões com a mercantilização do direito de mobilidade.

Antes disso, em 2009, Eduardo Paes comemora efusivamente nossa "vitória" (flagrante do Estadão: aqui ). Gostaria que ele esclarecesse se acha a foto uma vergonha também.

Eu não estranho esse comportamento. Infelizmente, o eleitorado, principalmente o carioca, que elegeu Paes com esmagadora vantagem, tem memória curta, mas há tempos que acompanho nosso Prefeito. Lembro que na época da cobertura incessante da Globo sobre o mensalão, Eduardo Paes era um dos mais atuantes parlamentares do PSDB. Agressivo, enérgico. Um tempinho depois, quando pulou para o PMDB, em sua quarta ou quinta andança partidária, finalmente encontrou seu ninho. Nessa época do "não me representa" ou "me representa" eu digo que Eduardo Paes representa o PMDB, esquivo, malandro e principalmente, sem posição fixa sobre nada que não seja SER da situação.

Na entrevista que deu para o Globo ( aqui ), Eduardo Paes mostra sua face culta, modernosa. Fala em gastar milhões com um filme do Woody Allen, afinal, o Rio, mesmo com os Black Blocks na rua, não pode deixar de ser um espetáculo.

Como todo bom ator, ele tem uma face terrível, aquela que ele mostra para os seus professores, pessimamente pagos, horrivelmente assistidos e em justíssimo estado de greve. A face mesquinha, cínica e autoritária. A mesma face que mostra aos camelôs. Usa a própria afirmativa de que os paga muito bem (para os miseráveis padrões do Brasil) para se recusar a dialogar e ameaçá-los com cortes de ponto e demissões. Isso conforme a entrevista que deu para O Dia

Só espero que o eleitor lembre disso. Lembre das várias faces de Paes, típico representante do PMDB, o partido do discurso cínico, que distorce a nossa democracia e mercantiliza nosso direito de representação, pois usa o apoio da maioria para defender unicamente os interesses de uma minoria. Que todos lembremos disso e, democraticamente, consigamos, mesmo que demore, reduzir o poder absurdo desse partido de várias faces e um único interesse, o privado.

Top 10 Filmes por Woody Allen: Pela Revista Bula

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