segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A direita vai pra rua



As pessoas estavam cansadas da corrupção dos petralhas. As pessoas estavam com medo do comunismo. As pessoas temiam que o Brasil falisse, assim, fizeram campanha para Aécio Neves. Desqualificaram Dilma, Lula e quem mais não votasse com eles. A posição política virou sinônimo de caráter e enquanto eles enxergam novos tempos eu sinto cheiro de mofo.

O resultado do plano democrático para o fim de comunismo não foi o esperado, assim, de que outra forma salvariam o País do triste destino que lhe aguarda? Não poderiam se conformar com a continuidade do governo bolivariano, queriam respirar novos ares e eu continuo sentindo o cheiro de mofo.

Capitaneadas por Lobão, o músico político e por um dos membros da família Bolsonaro (flagrado portando uma arma numa manifestação pacífica) foram para a rua, foram pela democracia, pela família, pelo fim da ditadura das minorias e o cheiro de mofo continua. 

Tomaram para si os símbolos nacionais, se consideram os únicos patriotas. Alguns gritaram pelo impeachment, outros pela intervenção militar (para restaurar a verdadeira democracia) e outros não gritaram nada que não fosse palavras de enaltecimento à P.M. e ofensas aos petralhas comunistas, o fim do comunismo é o principal pleito. O cheiro de mofo aumenta.

A imprensa calculou o número de participantes entre 1.000 e 3.000 pessoas. Já alguns partidários diziam que eram mais de 40.000 pessoas. Não importa quantos sejam, já que eles representam a retidão moral e os verdadeiros e patrióticos democratas. A tese de que "cidadãos responsáveis" tomem para si os destinos da sociedade em virtude da inépcia do povo ignorante toma força. O cheiro de mofo já irrita as minhas narinas.

Baseado nos relatos, me pergunto o que quer a nova (velha) direita ativista, além do retorno do mofo retrógrado que, agora, me causa também urticárias?

Impeachment? Ok, mas sem processo? Simples assim, impeachment porque queremos? Esse grito foi feito em 2013, quando essa mesma direita tentou impregnar as jornadas de junho, a rua reagiu, o vinagre maturou e os mesmos que estão na rua, na época, voltaram para poltrona para torcer pelo massacre dos vândalos. A P.M. que expulse os animais, o enjeitados, os descamisados, os desmilinguidos, pois eu quero o fim do comunismo petista e o cheiro de mofo começa a me incomodar mais do que o gás de pimenta que tanto respirei na rua.

2013 não trouxe o destino que queriam, as eleições não trouxeram o destino que queriam, sabidos que são, de sua inteligência e cultura, os manifestantes democráticos  tomam para si as rédeas do destino e, agora, mesmo que saibam que seu candidato perdeu por uma "pequena" margem de votos, querem uma solução alternativa, imediata. São democratas, mas não querem a decisão da maioria, querem que sua cultura e informação prevaleça.

Enaltecem a maioria, para negar os direitos da minorias, mas desprezam a maioria quando se trata de sufrágio, mas são democratas, acima de tudo! De fato, o mofo narcotiza.

Já que são democratas, respeitarão as normas balizadas pela representação democrática que dizem que, impedido o Presidente, assume o vice? Ou será que depois do impeachment virá a segunda parte do plano, que trará cheiro de mofo concentrado e pode ser traduzido pelo grito de uma minoria no movimento urbano conservador? E se conseguirem o impeachment, ficarão felizes com Michel Temer como Presidente? Afinal, o objetivo é trazer o PMDB ao poder? Que eu saiba, o PMDB é aliado dos petralhas. Afinal, se querem mudança, como conseguirão entregando o trono ao mais fisiologista dos partidos brasileiros?  

Pedem impeachment porque enxergam um defeito na representação democrática. Por outro lado, condenam a regulamentação da participação popular, eis que sinalizada por um decreto bolivariano. Afinal, o que querem? 

Ok. Vamos ao segundo pleito, trazido, segundo a direita patriótica, por uma minoria. Esse segundo pleito, pelo que vi, se subdivide em dois: os que querem a intervenção militar para a restauração da verdadeira democracia e os que querem simplesmente a volta da ditadura militar até que o povo tenha consciência de manejar a democracia conforme os princípios patrióticos e morais dos revolucionários mofados.

Qualquer uma das hipóteses desse segundo pleito revela a que ponto os lunáticos influenciados pelos aríetes direitistas travestidos de colunistas e outros atores, a maioria alunos confessos do grande "filósofo" Olavo de Carvalho, chegaram e, se puderem, chegarão: ao atoleiro mofado do conservadorismo neurótico.

Afinal, se os golpistas são uma minoria e que tal grito não reflete a maioria democrática do movimento, que pede "apenas" o impeachment por meio de um processo sumário de clamor popular, não deveriam seus partidários refletir sobre os efeitos do sucesso de seu grito?

Se não são golpistas e sim democratas, como conseguirão o retorno imediato do país ao caminho do neoliberalismo (como se o P.T. tivesse ocasionado uma ruptura significativa em nosso sistema plutocrático)?

Se golpista é apenas a minoria que pede o retorno à ditadura, como defender democraticamente o impeachment de um Presidente que sequer foi denunciado ou investigado?

Não confiam na elucidação dos fatos por parte do poder constituído bolivariano, assim, para evitar a ditadura comunista, agem autoritariamente. Tempos extremos pedem medidas extremas...mesmo que antidemocráticas, mas praticadas por democratas, que isso fique bem claro!

Em seu pseudo liberalismo, se esquecem que soluções autoritárias dificilmente restauram a democracia. Afinal, estão preparados para mais algumas décadas  de jugo autoritário, até que o povo saiba votar? Ou será que se conformarão com quatro anos de governo PMDBista?

O pior é que pedem o fim do que não têm e o retorno do que já possuem, uma sociedade classistas e plutocrática.

Aguardo cenas do próximo capítulo, intoxicado pelo mofo da direita neurótica.

2 comentários:

  1. Perfeito!

    E o pior, meu caro, é que não para por aí. Recebi um link para uma certa petição online implorando por um pronunciamento de, acredite, Barack Obama, que pelo visto lidera o país que mais luta e defende a democracia no mundo.

    Barack Obama. Presidente dos Estados Unidos da América. Ele mesmo.

    Presidente de um país que invade outros para tomar o que julga valioso, que provoca guerras para vender arma para ambos os lados e que força goela a baixo de países menos desenvolvidos o consumo incandescido da sua própria indústria.

    Pelo visto, se não conseguirem uma ditadura militar, se darão por satisfeitas em se tornar uma colônia yankee.

    Não se é efeito de tanto cheiro de mofo, mas me vejo incapaz de compreender o que acontece com as pessoas.

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  2. Bando de vira latas. Obama já recusou a ajuda, afinal, há muito mais por trás das guerras do que meia dúzia de insanos que, apesar de esculhambarem com sua Presidente, inclusive com palavras de baixo calão e irem à rua gritar contra ela, acham que vivem em uma ditadura. A situação é tragicômica.

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