segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Você sabe quanto custa o seu churrasco?

Imagem tirada da fonte
Queria começar 2014 com uma novidade estimulante, no entanto, o que me veio à cabeça para comemorar nosso novo ano foi um velho problema: a submissão da classe trabalhadora à condição análoga a de escravo.

Obviamente, o problema não é novo, eu mesmo, neste espaço, cheguei a abordá-lo por mais de uma vez, no entanto, minhas andanças cibernéticas não me deixaram outra opção, senão destacar o agravamento deste problema.

Segundo o Repórter Brasil, as carvoarias representam 1/5 dos casos de submissão do trabalhador à condição análoga a de escravo, o que me remete a um problema que extrapola a fiscalização ou a punição dos envolvidos: a mudança dos valores da nossa sociedade.

Você, caro leitor, trabalhador, pagador de impostos, já parou para pensar o quanto o seu churrasquinho de fim de semana pode custar a um carvoeiro e à sua família?

Por mais que tenhamos a absoluta certeza de que cabe ao Poder Público o efetivo combate a estas práticas, a sociedade civil, ao rever seus conceitos de consumo, pode sim, ter um papel fundamental para a melhora desse quadro.

Todos anseiam por um País desenvolvido, mas isso não virá apenas através de políticas públicas. A falência sistemática do mundo neoliberal comprova que a revisão de valores será o principal fator de mudança da humanidade e isso, invariavelmente, inclui a verificação atenta da origem dos produtos que consumimos.

As caríssimas grifes que se utilizavam de trabalhadores em condição análoga a de escravo para produzir as roupas que vendem a peso de ouro já foram esquecidas. Qualquer transeunte de shopping pode notar isso, continuam lá, firmes e fortes, enchendo os sonhos das madames e cocotas, que em momento algum, param para pensar o quanto a sua vaidade custa para outros.

Assim, meu desejo para 2014 é uma elite que continue alimentando o mercado com seus altos gastos, que continue produzindo lixo inútil, através de um consumismo desenfreado que dita que temos que ter sempre os eletroeletrônicos de última geração, que continue achando um absurdo o que paga para suas domésticas, enquanto gastam o dobro do que elas ganham numa conta de restaurante ou numa bolsa. Que nossa elite letrada continue assim, mas que, ao menos, se importe um pouco mais com a origem do que compra já que, no nosso amplo, livre e promissor mercado, o que não faltam são opções socialmente conscientes.

Pense nisso, caro leitor, antes de criticar o país em que vive, afinal, ele é fruto dos nossos valores e prioridades. Pense nisso na próxima vez em que for abordado por um marginal em um sinal, pense que ao se preparar para o churrasquinho do fim de semana você é responsável pelo que vai consumir, seja pela carne comercializada por conglomerados que esganam o pequeno produtor e atuam de forma decisiva para o desmatamento, seja pela salada lotada de agrotóxicos ou pelo carvão que vai assar a sua carne, afinal, o seu churrasco, no lugar de produzir mais fome, exclusão e desmatamento pode gerar mais empregos, avanços sociais e uma cultura sustentável.


Fonte: http://reporterbrasil.org.br/2014/01/carvoarias-representam-um-quinto-das-inclusoes-na-lista-suja-do-trabalho-escravo/

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